Credores pedem que clube repasse 20% de seu faturamento para o Regime Centralizado de Execuções (RCE), mas Timão quer começar com 4%

Por Bruno Cassucci — São Paulo 11/09/2025

O Corinthians diz que já destina cerca de 27% de suas receitas para o pagamento de dívidas e insiste que seu plano do Regime Centralizado de Execuções (RCE) tenha duração de dez anos, diferentemente do que pedem alguns credores.

Quase 10 meses após abrir o processo do RCE, o Corinthians ainda busca a aprovação de seu plano.

Há divergência com alguns credores quanto aos prazos de pagamento e o valor reservado mensalmente pelo clube para cumprir o acordo.

Alguns dos credores, como o empresário Walter Caetano, querem que o Timão destine 20% de suas receitas para o plano. O clube diz que isso não é possível, pois representaria “a inviabilização total de suas operações esportivas e sociais”.

Neste cenário, o plano seria quitado em dois anos. A proposta corintiana é por um parcelamento de dez anos, com parcelas progressivas, da seguinte forma:

  • 4% no primeiro ano, 5% no segundo ano, e 6% a partir do terceiro ano das entradas de caixa referentes às receitas recorrentes (como direitos de TV, contratos de patrocínio, etc).
  • 5% no primeiro ano de pagamentos, 6,5% no segundo ano, e 8% das entradas de caixa referentes a receitas de venda de jogadores.

Representantes do Corinthians, os advogados Elias Mubarak e Júlio Mandel argumentam que o clube já

tem outros compromissos a arcar, como o financiamento da Neo Química Arena, tributos parcelados e execuções em outras instâncias, como Fifa e Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) da CBF.

A alegação do clube é referendada pela administradora judicial do plano. Segundo a Laspro Consultores, “constatou-se que o endividamento parcelado do requerente, somando-se as obrigações trabalhistas (inclusive FGTS), financeiras, desportivas, cíveis, tributárias e relativas à arena, representa comprometimento de 27,4% do faturamento anual.”

Além disso, os advogados do Corinthians sustentam que a lei da RCE confere ao devedor o prazo de seis anos prorrogáveis por quatro e citam o plano do Santos como exemplo. Também pontuam que a destinação de pelo menos 20% do faturamento se aplica apenas em casos de Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs).

O Corinthians demonstrou que tem capacidade de pagar os credores nos prazos da lei e que dirige mais de 27% das receitas para isso”– disse Júlio Mandel.

O Timão pede à Justiça que marque audiências de conciliação com os credores que se opuseram ao plano, como os empresários André Cury e Walter Caetano e a casa de apostas Pixbet.

O RCE corintiano totaliza mais de R$ 367 milhões em dívidas, sendo que R$ 190 milhões já estão em processos de execução na Justiça.