Companhia prevê opção de pagamento de ao menos 80% da dívida com os quirografários

Para atender a pedidos de credores, a Fertilizantes Heringer, que está em recuperação judicial desde fevereiro, alterou pela segunda vez seu plano de recuperação.
A empresa ofereceu a opção de pagar ao menos 80% das dívidas com os principais credores, a depender da entrada de recursos extraordinários — como o aumento de capital que poderá ser feito pelas russas Uralkali e Uralchem. Na proposta anterior, apresentada em 18 de outubro, a companhia propunha pagar ao menos 60% da dívida total.

A Heringer, que deve mais de R$ 1,8 bilhão, apresentou a nova versão do plano hoje. Na próxima terça-feira, uma assembleia de credores apreciará a proposta. A expectativa de Júlio Mandel, advogado da companhia, é que as alterações viabilizem a aprovação do plano.
A Heringer agora oferece seis formas de pagamento aos credores quirografários (sem garantia), incluindo as duas que haviam sido apresentadas no mês passado. Os quirografários têm mais de R$ 1,5 bilhão a receber — cerca de 80% da dívida total da empresa brasileira.
Foi mantida a opção que prevê a quitação de até 100% da dívida, a partir de dois fluxos de pagamentos (denominados “tranche A” e “tranche B”, equivalendo a 50% cada). Nessa opção, a primeira metade da dívida continua a ter carência inicial de três anos e parcelas anuais até 2034. A segunda metade, carência de cinco anos, e parcelas anuais que vão até 2045.

Num evento de liquidez (que poderia ser o aumento de capital a ser feito pelas russas Uralkali e Uralchem) as dívidas parceladas até 2045 poderão ser pagas antecipadamente. No mínimo, os credores receberiam 60% da dívida total.
A opção 2, também mantida, prevê o pagamento da dívida só em 2040, mas essa parece ser uma alternativa pouco interessante.

A opção número 3, que não constava do plano anterior e parece ser a mais interessante se os russos assumirem o controle da Heringer, prevê o pagamento de 100% das dívidas de cada credor sob duas condições em 25 anos. Na “tranche A”, 50% do valor seria pago, com carência de três anos, em parcelas anuais até 2033. Na “tranche B”, outros 50% seriam pagos com carência de cinco anos em parcelas anuais até 2045. Em caso de evento de liquidez, a recuperanda poderá optar por pré-pagar, prioritariamente, as dívidas incluídas na “tranche B”, com deságio.

Nessa hipótese, os credores poderiam receber ao menos 80% do total.

A opção 4 dada pela Heringer prevê o pagamento de ao menos 25% da dívida total. Na “tranche A”, correspondente a metade da dívida, 30% do valor devido seria pago, com um ano de carência. Na tranche B, 50% dívida seria paga até 2045, com carência de cinco anos. Na hipótese de um evento de liquidez, a companhia poderia antecipar o pagamento de “tranche B”, com deságio de até 80%.

Já a opção 5 prevê o pagamento de ao menos 60% da dívida total. Na “tranche A”, correspondente a metade da dívida, a Heringer teria três anos de carência e quitaria essa metade em parcelas anuais até 2034. A “tranche B”, que também corresponde a metade da dívida, prevê o pagamento de 20% dívida em até um ano após a homologação do plano de recuperação.

A opção 6, a última, também é dividida em duas tranches, e prevê o pagamento mais rápido. Em até um ano, a companhia pagaria 25% da dívida com os quirografários.

O exercício das opções 4, 5 e 6 está condicionado ao aumento de capital da companhia pelos negociadores russos. Assim, caso o aumento de capital não ocorra, o credor que tenha escolhido qualquer uma dessas opções será migrado automaticamente para a opção 1.

Para a classe dos credores com garantia real, que tem R$ 286,9 milhões em dívidas a receber, as condições de pagamentos não foram alteradas. A Heringer propôs duas modalidades de pagamento aos credores com garantia real, uma delas com quitação de 100% do valor devido, mas com carência de três anos e depósitos anuais em 10 anos. Nessa mesma modalidade, em caso de evento de liquidez, o valor pago seria de 68,5% da dívida em 2020, com ampliação para até 71,1% em 2029.

Fonte : Valor

Por Marina Salles e Luiz Henrique Mendes, Valor — São Paulo