Após rumores de mercado envolvendo a Brasil Comercializadora e a Argon Comercializadora, que estariam com dificuldades de honrar contratos no setor elétrico, em função da crise hídrica, que fez o preço da energia disparar, as dificuldades se confirmaram com uma das empresas entrando com liminar na Justiça e outra com pedido de recuperação judicial.

No caso da Brasil Comercializadora, a empresa ajuizou uma ação pedindo uma liminar para rescindir um contrato de venda de energia com a Boven Comercializadora, que prevê suprimento entre janeiro deste ano até o dia 31 de dezembro.

Na ação, a Brasil explica que foi surpreendida com as alterações no setor elétrico que acabaram por causar um aumento imprevisível e extraordinário no valor da energia no mercado, que disparou e alcançou o teto regulatório de R$ 538,88 por megawatt-hora (MWh).

A Argon Comercializadora, por sua vez, tem uma situação mais grave. A empresa entrou com pedido de recuperação judicial na noite de ontem, 5, na Justiça de São Paulo, alegando dificuldades financeiras decorrentes da escassez hídrica.

Na relação de credores enviada à Justiça, o Broadcast Energia conseguiu apurar que a relação consta nomes importantes do setor, como Cemig GT, Cesp, CPFL, Neoenergia, EDP e Âmbar, do grupo J&F.

De acordo com o advogado Julio Kahan Mandel, que representa a Argon Comercialização, a empresa terá o prazo de 60 dias para apresentar um plano aos credores de como serão feitos os pagamentos. “(O objetivo) É blindar a empresa para se possa se reestruturar e, com isso, alongar o seu passivo e se blindar durante a crise energética, podendo negociar com os seus credores de forma igualitária”.

Procurada, a Argon Comercializadora disse que não iria se pronunciar sobre o caso, enquanto a Brasil Comercializadora não foi possível conseguir um contato de imediato.

Os dois movimentos acontecem após, no início desta semana, o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Efrain Cruz, ter solicitado à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) informações de sete empresas comercializadoras de energia, apontado temores de inadimplência no segmento.

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Fonte: Broadcast